segunda-feira, 29 de abril de 2013

TIPOS DE CONTRAÇÃO


·        

           Classificação cinesiológica: Concêntrica, excêntrica, isométrica e dinâmica.
                       
    Comparação entre contração concêntrica e excêntrica:

  •     Do ponto de vista cinesiológico referem-se a: Aproximação das isenções e afastamento das inserções, respectivamente.


                 Do ponto fisiológico: 
                     Para fazer essa comparação foi necessários criar modelos:
              Faz-se um exercício que seja predominantemente concêntrico e outro, semelhante ao primeiros, mas que seja predominantemente excêntrico.
               Em um ambiente laboratorial: os testes podem ser feitos em:

  •       TRABALHO CONCÊNTRICO PREDOMINANTEMENTE: Bicicleta ergométrica.


Porém, não existe trabalho concêntrico puro, pois quando se contrai um músculo agonista, o antagonista desse, tem que alongar, e quando músculo alonga, ativa fuso -> reflexo miotático -> contração reflexa. Em qualquer situação onde há estiramento do músculo, o reflexo miotático é ativado. Isso quer dizer que se houver uma ação predominantemente concêntrica em um músculo, no seu antagonista vai haver alguma grau de atividade excêntrica, por reflexo miotático. Isso se chama CO-CONTRAÇÃO.


  • Quanto mais treinado for o indivíduo em um determinado gesto, menos ação de co-contração ele tem.


A musculatura pode ser adaptada em termos de função, e isso mexe na demanda muscular. Muitas vezes quando se tenta corrigir um determinado gesto, pode-se notar, que esse gesto “novo” demanda mais muscularmente que o gesto “errado” que ele (o paciente) vinha fazendo. Pode demorar um pouco para que ocorra esse ajuste, pois, por mais que estivesse errado, o músculo estava adaptado/ ajustado com o gesto anterior.

  •            TRABALHO EXCÊNTRICO PREDOMINANTEMENTE: (comparável ao da bicicleta)

Pedalando a bicicleta para trás, o trabalho continua concêntrico.

Para fazer a comparação, conecta-se um motor na bicicleta, resumidamente, para que, quando o indivíduo relaxar os pés no pedal, eles naturalmente vão para trás. Mas se houver força para frente, vai haver um movimento de freio do pedal, constantemente. Isso é contração excêntrica.


  •          Determinações/ mensurações necessárias:




  • Tanto o consumo de O2, quando o lactato são menores em trabalho excêntrico do que no trabalho concêntrico.
  •  A carga de trabalho máxima é maior no trabalho excêntrico do que no concêntrico.








  • O trabalho excêntrico apresenta uma demanda metabólica/ gasto energético menos que no trabalho concêntrico, portanto, tanto o consumo é menos, quanto a produção e a concentração de lactato são menores. E isso faz com que se tenha uma carga de trabalho máxima mais alta.



NÍVEIS DE CK: um dia anterior, no dia, um dia depois e dois dias depois do exercício.


  • Ck foi medida no sangue. É uma enzima que resulta a síntese e a degradação de Creatina Fosfato, ou seja, é uma enzima que está no músculo.


Ela está no sangue, então é porque a célula muscular rompeu, e ao romper, extravasou citoplasma, extravasou-se a enzima, e encontra-se uma maior concentração de enzima muscular no sangue. Não só enzima muscular, mas também mioglobina e troponina vão ser encontradas em níveis aumentados no sangue pós-exercício excêntrico. A justificativa para isso é que, lesão muscular, comprimento de célula e consequente extravasamento de líquido intracelular, consequentemente, aumento da CK.

  • Ck é um marcador. Se está aumentada é porque tem lesão.


  • Existe também CK mm (muscular esquelética), CK MB (muscular cardíaca) e CK BB (cerebral). Normalmente se a Ck total é medida, é porque há dúvida se há ou não lesão.


  •  O gráfico mostra que o trabalho excêntrico tem um potencial leviso; um potencial agressivo muscular maior que o trabalho concêntrico.


Uma vez que se tem a lesão em uma musculatura, ela vai ter que ser reconstituída iniciando um processo imunológico, cicatricial, a ponto de depois de alguns dias essa musculatura estar pronta para exercer as suas atividades. Ao longo desse tempo: ocorre o FENÔMENO DA DOR MUSCULAR TARDIA.

Quando se faz um exercício intenso, ou até mesmo um exercício diferente, no dia seguinte, às vezes após 48 horas, sente-se dor muscular (não é tendínea, nem ligamentosa). Isso é causado pelo processo inflamatório, decorrente de microtraumas que por sua vez, são decorrentes do exercício. Quanto mais treinamento excêntrico faz-se, mais dor muscular tardia vai haver.



terça-feira, 23 de abril de 2013

CONTROLE MOTOR



Depende de um sistema superior que emite estímulos até o músculo e este emite sinais sensoriais para centros superiores. Nós temos 3 níveis de controle motor: VOLUNTÁRIO, AUTOMÁTICO E INVOLUNTÁRIO.

  •         Quando se refere em estruturas superiores, entende-se acima do Tronco Encefálico, trabalhando-se com duas vias: VOLUNTÁRIO E AUTOMÁTICO.
  • ·         Do tronco encefálico para baixo, ou seja, à nível de Medula fala-se de via INVOLUNTÁRIA.


v                               COMO FUNCIONAM AS VIAS VOLUNTÁRIA E AUTOMÁTICA? 

ESQUEMA 1


Quando vamos executar um movimento (ex: pegar uma garrafa de água), primeiramente, é preciso que a nível de área pré-motora haja um “planejamento” do gesto, o que significa “imaginar” o que irá acontecer (é realizado antes do gesto motor). Uma vez que há planejamento do gesto, os potenciais de ação gerados nessa área são transferidos para o córtex motor e para o cerebelo. Sendo assim, tem-se uma ativação divergente, direcionando-se para duas áreas separadas anatomicamente, jogando estimulação para a área de controle motor e também para a área cerebelar.  Do córtex motor esse potencial de ação desce para gânglios da base. Dos gânglios da base ele vai para o tronco encefálico (bulbo). Do bulbo vai para a medula e da medula para o músculo  (ESQUEMA 1).
Até o momento o músculo se encontra relaxado, mas a partir do momento que o potencial de ação chega nesse, começa-se a efetuar o gesto motor. Com isso, podemos concluir que há toda uma atividade pré-motora antes do movimento.
Quando começamos a contrair o músculo, temos a ativação de diversas estruturas sensoriais que estão no próprio músculo , no tendão, na articulação, na pele, visual e de equilíbrio.
Uma série de estruturas sensoriais que irão indicar para o sistema qual foi o resultado daquela ação, subindo pela medula e troco encefálico, no entanto esse retorno de estímulo não vai direto para o córtex sensório-motor, antes ele passa pelo cerebelo. Quando essa informação sensorial chega ao cerebelo, sua função é comparar as duas informações: a informação motora que foi produzida com a informação sensorial (resultado da ação motora).

  • Se o objetivo é pegar a garrafa de água, por exemplo, deve-se contrair uma série de músculos para gerar o movimento e para apreendê-la com uma certa precisão. 
  •  Assim que o movimento inicia, estímulos sensoriais são disparados a fim de que seja comparada as duas ações: IDEALIZADA E REALIZADA. 

 O EFEITO DA AÇÃO MOTORA É IGUAL AO IDEALIZADO? (REALIZADA É IGUAL A IDEALIZADA?)                               

Nunca é igual!

                  Por nunca ser igual, esse fato não se configura como um problema, e sim como uma  característica. O cerebelo identifica essa diferença, sendo informado, imediatamente,  para a área Pré-motora, fazendo com que essa gere um novo estímulo de “correção” do primeiro (há micro-correções ao longo do movimento).


O QUE ACONTECE COM ALGUÉM QUE TEM LESÃO CEREBELAR?

       Não vai haver o reajuste. O gesto será errático, grosseiro, com muita força. Não tem micro-correções ao longo do gesto.

  •          A capacidade de correção é tão mais importante quanto menos experiência se tem na realização do gesto (ex: pegar a garrafinha pela primeira vez).

  • ·      O processo de coordenação neuromuscular é aprendido e com o tempo a necessidade de planejar desaparece a partir de milhares de repetições. Sendo assim, o indivíduo passa a executar um gesto que depende só de Córtex Motor(tática). 


Ex: marcha


ENGRAMA


  •    Voluntário e Automático
  •   Há somente tática e execução
  •   É uma programação neuromuscular de forma a gerar um movimento estereotipado/repetitivo. Cada vez que temos que executar um gesto sob um determinado estímulo, ele é reproduzido identicamente àquele que se aprendeu a fazer.
  •         Não há planejamento, só execução. Para haver execução deve haver um estímulo que desencadeie aquele engrama.


     Exemplos: escrever, subir escadas, falar.




TEORIAS NA APRENDIZAGEM MOTORA 
(Exemplo: escrita)

  1.      Sim, é possível corrigir o engrama.
  2.       Não, mas é possível criar outro engrama que, dependendo do treinamento, pode dominar o engrama anterior. (Hipótese mais provável).


  •             É possível aprender uma nova língua. Em adultos, já há um engrama fonador estabelecido, sendo assim, ele aprenderá uma nova língua, porém, manterá o sotaque local. No entanto, crianças muitos pequenas, quando submetidas há várias línguas ao mesmo tempo, cria 3 engramas distintos, um para cada língua, sem sotaque.

  •                O ENGRAMA na aprendizagem de um gesto esportivo pode  haver vários tipos de feedback para a correção do gesto a fim de atingir alto grau de perfeição por meio do processo de repetição.

  •          Atletas de alto rendimento possuem engramas acessórios para mudanças de direção que bolas costumam executar (ex: tênis, futebol). Esse tipo de engrama é desenvolvido, principalmente, pela influência da cultura nos esportes em diversos locais. Assim, sob uma grande variedade de estímulos, o indivíduo adquire experiência/vocabulário motor.

  •         Paciente que acaba de sair de um AVE (perda de uma porção neuronal): há neurônios em torno da lesão que devem assumir àquela função. Diante de repetitivos estímulos, deve-se criar um novo engrama para o paciente poder retomar às suas atividades de vida diária, o máximo possível. Essa recuperação depende de uma série de fatores que facilitarão ou dificultarão o processo de aprendizagem.


VIAS INVOLUNTÁRIAS

              Obedecem a uma interação com o H medular (corpo medular) de uma estrutura sensorial que se integra com esse, gerando uma ação motora (ARCO REFLEXO: não há modulação de estruturas superiores, acontece, essencialmente, à nível medular).



REFLEXO MIOTÁTICO




  •        Estrutura sensorial que o ativa: FUSO MUSCULAR
FUSO MUSCULAR é uma célula muscular modificada com características sensoriais. Normalmente, se encontra entre células musculares (extrafusais) e o fuso é característica de uma célula intrafusal. O fuso está entre o ventre muscular em paralelo, ou seja, no sentido das fibras.

  •          O fuso tem enovelado à ele, uma célula sensorial do tipo IA (célula nervosa).

         O fuso emite uma fibra sensorial do tipo IA até o H medular . No H medular, a fibra IA faz sinapse com apenas 1 neurônio. 
        (O REFLEXO MIOTÁTICO É O ÚNICO REFLEXO MONOSSINÁPTICO QUE TEMOS)

  •          O estímulo no qual o fuso responde são os estímulos de ESTIRAMENTO. Sendo assim, quando estiramos o músculo, alonga os fusos e dispara potenciais de ação que chegarão até o H medular, fazendo uma única sinapse com a fibra nervosa do tipo alfa (é um motoneurônio do próprio músculo gerador do estímulo). Significa que quando alongamos o músculo, ele responde com uma contração dele mesmo (contração reflexa do próprio músculo alongado).

  •          Exemplo: REFLEXO PATELAR o indivíduo fica sentado com a perna pendente (relaxada) e faz-se uma percursão do tendão patelar com um martelete de borracha. Essa ação é suficiente para deformar o tendão e gerar um microestiramento do quadríceps (ativa o fuso, levando a uma ativação de todo o quadríceps, que por sua vez, ocorre o gesto reflexo do “chute”- extensão da perna).O reflexo patelar é utilizado para avaliar o tônus muscular.


REFLEXOS POSTURAIS: manutenção de postura. No deslocamento intencional para frente, há estiramento de toda musculatura posterior, aumentando o tônus corporal, principalmente, da região posterior.

·         SONO: Encéfalografia





Sono: a atividade encefalografia não muda gradualmente, muda repentinamente para um sinal de baixa freqüência e alta amplitude.

HIPOTONIA DO SONO: estiramento da musculatura posterior (Reflexo Miotático).



EXERCÍCIO E TREINAMENTO FÍSICO

  •     PLIOMETRIA: salto em distancia. Salto em uma posição elevada que quando aterriza faz uma extensão, depois um amortecimento, estirando toda a musculatura, disparando voluntariamente o salto. (ESTÍMULOS VOLUNTÁRIOS E INVOLUNTÁRIOS). à REFLEXO MIOTÁTICO: fazendo um recrutamento muscular maior, aumenta a potencia do salto

  •          Ex: vôlei

  •   Em Membro superior é possível: ginasta em parada de mão; apoio em uma parede, empurrando (com flexão).





segunda-feira, 22 de abril de 2013

REFLEXO MIOTÁTICO INVERSO



Possui como órgão sensorial o OTG (órgão tendinoso de Golgi), que é uma terminação nervosa livre encapsulada e está colocada, como já diz em seu próprio nome, nos tendões.
O OTG está situado em série com as células musculares, mais precisamente, com as células tendíneas. Ele identifica a variação na TENSÃO a qual os tendões estão sendo submetidos, pois está localizado em paralelo com os tais. 


                                          CIRCUITÁRIA NERVOSA:




  •           OTG emite uma fibra até o H medular;
  •           A fibra sensorial faz uma dissinapse;
  •         Ocorre uma sinapse com dois interneurônios, que irão ativar dois motoneurônios;

Obs: um interneurônio é excitatório e outro é inibitório.
  •      Um motoneurônio inibirá o próprio músculo ativador do estímulo e o outro ativará o músculo antagonista do movimento que está sendo analisado.

 Ao aumentarmos a tensão à qual a musculatura está sendo submetida, o OTG desencadeará potenciais de ação que atingirão o H medular, ativando os dois interneurônios. 






 Assim como o reflexo miotático tem função de proteção (ligada à postura), esse sistema também tem essa finalidade, pois devido à tensão elevada, há inibição do próprio músculo, evitando lesões, rompimentos de fibras e rompimentos tendíneos, por exemplo.

Exemplos práticos de alta intensidade:






LU TA DE BRAÇO

Atleta realiza altíssima força e de repente perde a luta, pois não consegue manter-se realizando o movimento.
 Esse é um exemplo claro da ativação do Reflexo Miotático Inverso (RMI).
Se formos comparar o RMI ao Reflexo Miotático (RM), podemos afirmar que o RM é primeiramente ativado, pois o seu órgão sensorial (fuso muscular) tem limiar de excitabilidade mais baixo em comparação ao OTG. 




REFLEXO FLEXOR OU DE RETIRADA

É representado por uma terminação nervosa livre subcutânea, uma agressão e ativação de todo o sistema.

                                             CIRCUITÁRIA NERVOSA







  •         Ocorre a agressão (pelo prego, no exemplo);
  •          Há a ativação das terminações nervosas livres subcutâneas, que desencadeiam um potencial de ação (PA), levando-o até o H medular;
  •          No H medular, ocorre sinapse com dois interneurônios  do lado onde chega a fibra e é emitida uma fibra para o outro lado do H medular, fazendo sinapse com outros dois interneurônios ;

  Resumindo, apenas um estímulo ativa quatro interneurônios no H medular.

  •          Interneurônios  fazem sinapse com os motoneurônios ;
  •          Ocorre a flexão do lado agredido e a extensão do lado contralateral.


Exemplos práticos


Membro Inferior

Ao pisar em um prego com o pé direito, geramos estímulo da musculatura flexora (do lado direito) e estímulo da musculatura extensora (do lado esquerdo, contralateral). Isso permite que a perna de apoio (esquerda) permaneça estendida, e que o lado agredido (direito) realize flexão para que nos livremos da agressão. 


Atenção!
A troca de inervação para o lado contralateral é muito importante, caso contrário, flexionaríamos os dois lados, podendo haver um dano ainda mais grave!

Membro Superior
Ao sofrermos uma agressão na mão direita, por exemplo, ocorre a flexão total do lado direito e a extensão do lado contralateral.
Obs: A extensão do lado contralateral não faz sentido quando estamos falando de membros superiores, pois não tem função importante. O gesto teria sentido se fossemos quadrúpedes, ou seja, isso é um resquício do processo evolutivo.


ALGUNS RESQUÍCIOS FILOGENÉTICOS QUE NÃO TÊM NENHUMA FUNÇÃO:


·         Pelos pelo corpo- tinham função de aprisionar o ar;
·         Pavilhão auditivo;
·         Observação importante: Estudo mostrou que o apêndice, que a maioria das pessoas achava não ter nenhuma função, tem função secretória.

Talvez pudéssemos seguir com o pensamento acima descrito e chegaríamos à conclusão de que nosso cabelos não tivessem nenhuma função, mas muito pelo contrário, eles têm a importante função de proteção contra a radiação solar.
Sobre esse tema, foi realizada uma experiência, em Minas Gerais, pelo professor Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues, especialista na área de termorregulação.
A experiência foi feita com um grupo de voluntários negros e com cabelo “black power”. Todos eles deveriam deixar o cabelo crescer durante um determinado tempo, para que fossem cortados antes do experimento do mesmo tamanho.
O estudo foi dividido em dois momentos:
·         1° momento- Foi colocada uma esteira no meio do pátio da universidade de MG, e a atividade foi feita ao meio-dia, no verão, em um dia com muito sol. Anteriormente foi feito um teste para determinar a intensidade de trabalho e outros detalhes, um teste inicial de spinning. Antes, durante e depois do teste foram coletadas amostras de sangue, suor, avaliação de consumo de oxigênio durante o teste, frequência cardíaca durante o teste e temperatura retal, também durante o teste. Os voluntários correram na esteira durante uma hora à um consumo máximo de oxigênio de mais ou menos 70%.
·         2° momento- Uma semana depois, todos com o cabelo raspado, repetiram o teste.
Resultados: Aumento da frequência cardíaca em torno de 10 à 15%, perda hídrica de mais de 1kg a mais no 2° momento, aumento da temperatura corporal em torno de um grau e meio, também no segundo momento.
O estudo demostra claramente a importância do cabelo como sistema de proteção térmica contra a radiação.

IMPORTÂNCIA DA FISIOLOGIA BIOQUÍMICA COMPARADA
Existem estruturas (proteínas, lipídios, células) que são extremamente conservadas durante a escala zoológica, ou seja, possuem a mesma estrutura durante toda a escala zoológica.
Exemplos:
·         Actina- qualquer animal possui;
·         Hemoglobina- são muito parecidas entre animais, um exemplo específico é a da extração e utilização da insulina de porcos, insulina porcina, que pode se usada por humanos.


EXEMPLO PRÁTICO DE REFLEXO FLEXOR
(SEMPRE FLEXOR)
Tocar em um fio desencapado
Ao tocarmos com a palma da mão, há a ativação do reflexo flexos, fazendo com que todas as estruturas flexionem e ocorre a ação conhecida pela maioria das pessoas, ficamos “grudados no fio”
Ao tocarmos com o dorso da mão, evitamos flexionar as estruturas em direção ao fio, sendo essa a opção correta de realizar a tarefa.

ONDE UTILIZAMOS OS REFLEXOS CITADOS?
Os reflexos citados acima podem ser utilizados em TÉCNICAS DE ALONGAMENTO.

Utilizamos alongamentos fundamentalmente para TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE, RELAXAMENTO MUSCULAR e AQUECIMENTO.
É importante ressaltar que alongamento não pressupõe intensidade (pois posso alongar em diversas intensidades).  Um feedback muito importante para medir isso é o grau de dor e de desconforto que o alongamento produz.
Também é importante ressaltar que são usadas intensidades diferentes para quando quisermos flexibilidade, aquecimento e relaxamento.

FLEXIBILIDADE
É a capacidade de realização de movimento, quanto maior a amplitude atingida, maior a flexibilidade. Quanto maior o ângulo do movimento, mais flexível é aquele movimento, levando em consideração o indivíduo.
É uma valência física que depende de quatro aspectos:
1°) Mobilidade articular- Existem articulações que são mais ou menos móveis (comparação em um mesmo indivíduo- articulação do cotovelo pode ser menos móvel que a do ombro, ou coxo femoral), sendo importante dizer que as limitações podem ser ósseas e musculares.
É treinável em CRIANÇAS (essencialmente passíveis de treinamento de mobilidade articular), pois ainda não fizeram seladura das epífises ósseas, calcificação óssea e consequentemente articular. Como consequência temos como moldar, deformar articulações pelo movimento.
Exemplo:
Ao analisarmos mais profundamente a articulação coxo femoral  de algum menino (bailarino/ atleta e outros), podemos ver o rebordo do acetábulo desgastado , ou seja, a cabeça do femur encaixa no acetábulo e o treinamento de movimentos de grande amplitude provoca o desgaste do rebordo, o que aumenta a amplitude da articulação.
Falando em lesão!
Ao termos um diagnóstico de instabilidade articular devemos trabalhar fundamentalmente o reforço da musculatura, pois ela tende a estabilizar a articulação. No exemplo da coxo femoral, devemos treinar a musculatura que estabiliza essa articulação, diminuindo a instabilidade que pode predispor a lesões. Importante ressaltar que a musculatura de bailarinas ou atletas de ginástica olímpica é muito mais forte do que a de pessoas que não mantêm uma atividade física com finalidade de alto rendimento. Consequentemente, não encontramos a predisposição à lesões, pois a musculatura é muito forte para que isso ocorra. Como consequência, o atleta deve saber desde o início da carreira que ele terá um tempo relativamente curto de vida desportiva, que apesar de hoje em dia ter aumentado, ainda é curta, em torno de no máximo 30 anos.
Resultado de quando os atletas abandonam o nível competitivo: naturalmente diminui o nível de treinamento, consequentemente ocorre a instabilidade da articulação ou diminuição da força muscular coxo femoral que sofreu processo de desgaste durante 10/20 anos com treinamento intenso e contínuo. Com a musculatura enfraquecida pelo destreino, qualquer movimento de impacto, comum no dia-a-dia, torna-se risco de micro lesões que levam a processo inflamatório, à calcificação e à artrose.
Regra: 100% das ex-bailarinas com mais de 50 anos de idade possuem artrose de coxo femoral.
2°) Elasticidade muscular- Músculo mais elástico tende a estirar-se mais e gerar, portanto, maior flexibilidade.
Massa adiposa e muscular pode interferir na flexibilidade, por exemplo, existe uma menor amplitude de movimento, menos flexibilidade, na flexão de troco para frente em pessoas com abdome globoso. Outro exemplo são os fisiculturistas, que têm a flexão de cotovelo com ADM (Amplitude de Movimento) diminuída, não conseguem ir até o final do movimento devido a grande massa muscular (do bíceps, por exemplo).
Elasticidade é um termo físico, é a capacidade de um material de ser estirado ou comprimido e retornar a posição inicial. Se estirarmos o material além da capacidade elástica desorganizamos a estrutura molecular dele e ele não consegue retornar à posição inicial. A desorganização pode ser plástica ou desorganizada, que leva à ruptura do material, por exemplo, como uma borrachinha de cabelo, que estende até certo ponto ela volta, se estendermos além de um certo ponto, ela rompe.
O músculo é um elemento elástico composto, onde temos proteínas, fibras de colágeno e séries de estruturas que dão a elasticidade média do músculo. Essa elasticidade é treinável em qualquer fase da vida.
Devido ao treinamento, o número de sarcômeros pode mudar. Se tivermos  como base, por exemplo, uma miofibrila com 3 sarcômeros, e em função do treinamento passo a ter 5 sarcômeros, o comprimento total da miofibrila aumentou. Como resultado há o aumento da capacidade elástica muscular.
Por outro lado, se aumentarmos o número de sarcômeros em paralelo  diminuo a elasticidade muscular, pois diminui o comprimento da miofibrila.
A elasticidade também depende da viscosidade do sarcoplasma (citoplasma da célula muscular).
É importante lembrar que viscosidade não tem relação com densidade (massa por volume).  A viscosidade depende das inter-relações moleculares que existem no fluído.
Ao aquecermos um fluído, a sua viscosidade diminui, desta maneira, aquando aquecemos o músculo, a viscosidade do sarcoplasma cai, e a elasticidade muscular aumenta. 


Obs: aquecer não significa ter feito exercício antes, pois a flexibilidade uma pessoa no verão já é naturalmente maior do que no inverno, pois a musculatura está mais aquecida (meio grau já é suficiente para uma mudança significativa).
3°) Elasticidade da pele- Existe uma diferença clara entre adultos e crianças, os idosos têm a pele pouco elástica, e um dos sintomas é a dor de quando ela distende, limitando a flexibilidade.

MÉTODOS DE ALONGAMENTOS
O método que utilizaremos para alongar a musculatura dependerá do nosso objetivo.

ALONGAMENTO BALÍSTICO
É uma sequencia realizada com insistências.
Na visão neuromuscular: estiramento do fuso – contração reflexa – contração do músculo como resposta a este estímulo. É uma sequência de reflexos miotáticos.

ALONGAMENTO ESTÁTICO
Realizamos o movimento e ficamos no final da amplitude, ao contrário do alongamento balístico, onde insistimos no movimento.  Importante ressaltar que para realizar o alongamento estático, fazemos um balístico. 
Durante esse alongamento, há o desencadeamento do RM, que gera a contração da musculatura, porém diferentemente  do alongamento balístico, quando ocorre essa contração, há o retorno a posição inicial em contração tipicamente dinâmica, nesse caso, ocorre o estiramento muscular e uma contração isométrica. Como resultado temos a tensão aumentada em função da contração isométrica reflexa, desencadeando o aumento de tensão no tendão, levando ao RMI e ao relaxamento da musculatura.

Importante: quanto mais tempo permanecermos na posição, mais ativo é o RMI, mais potencializado o alongamento e consequentemente mais relaxada será a musculatura.


FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA -(FNP)


Durante a aplicação da técnica ocorre a diminuição da resistência neural através de um estímulo, onde um segundo movimento será realizado sobre uma resposta mais facilmente.
É importante ressaltar que um dos problemas dessa técnica, é ela ser normalmente passiva, ou seja, sempre dependeremos de alguém que a aplique.
          A função da contração oposta ao movimento desejado é desencadear o RMI, pois há o aumento da tensão na musculatura, e com isso, a estimulação do OTG, potencializando o RMI.  A contração inibe o fuso muscular, há inibição do RM e a potencialização do RMI, levando a um ganho de mobilidade bastante acentuado.


COMO UTILIZAR/APLICAR ESSAS TÉCNICAS?
Quando visamos a flexibilidade-  Devemos utilizar todas as técnicas, lembrando que a técnica de FNP geralmente precisa de uma  sessão única, pois necessita de muita concentração tanto do profissional, quanto do aluno/atleta.

Quando visamos o relaxamento- Podemos utilizar o alongamento balístico (de baixa intensidade), ou, pincipalmente o estático, pois ele tem um potencial de relaxamento maior.
Obs: no alongamento de baixa intensidade não pode haver dor, apenas uma leve sensação de desconforto.

Quando visamos o aquecimento- Podemos utilizar o alongamento estático e o balístico. Geralmente inicia-se pelo estático.

Exemplo prático: para um jogador de futebol que necessita chutar a bola, precisamos de um grau de alongamento posterior que permita um movimento balístico de chute. Então, precisamos coloca-lo em ação, e isso demanda uma série de movimentos balísticos.


Observações Importantes
·         O alongamento de intensidade demasiada pré-exercício produz a DIMINUIÇÃO DE POTÊNCIA (potência muscular cai).
·         Alongamento (ou flexibilidade) NÃO PREVINE LESÃO. Treina-se flexibilidade para melhorar desempenho, não para diminuição de lesões.
·         Em algumas situações, flexibilidade demasiada potencializa o risco de lesões, pois instabiliza a articulação.
·         Flexibilidade é específica por articulação e por demanda, por exemplo, um jogador de futebol com flexibilidade coxo femoral de um bailarino, ao fazer uma mudança rápida de direção durante jogada pode ser alvo de lesão pélvica, pois seria flexibilidade demais para este atleta.
·         Flexibilidade não previne DOR TARDIA, pois ao estirar o músculo além do que já foi estirado pode causar ainda mais dor.
·         É muito importante conhecermos a demanda de cada modalidade esportiva ou de nosso paciente, pois é essa demanda que guiará o tratamento/intervenção.


DESTAQUES DA AULA

FUTURO ATLETA DE ALTO RENDIMENTO
Precisamos saber a diferença entre esporte de alto rendimento e esporte de participação, pois ESPORTE DE ALTO RENDIMENTO NÃO SIGNIFICA SAÚDE. Isso ocorre pois ele não gira em torno de um programa de melhoria da saúde, ocorrem lesões e efeitos efetivos.
Mais uma vez podemos destacar o conhecimento para tratamento, pois precisamos minimizar os danos óbvios e focados de cada esporte.
É importante alertar o indivíduo que está se tornando, ou deseja tornar-se um atleta de alto rendimento de que terá que treinar a vida inteira para manter as estruturas que sofrerão impacto durante vários anos fortes e flexíveis, ele terá que manter um sistema, e isso precisa ser entendido pelo atleta para evitar problemas futuros.  Essa repercussão deve ser pensada com muita atenção. 

TREINAMENTO DE FORÇA DIMINUI COMPRIMENTO DE MIOFIBRILA?
Essa é uma das duvidas e equívocos mais frequentes entre leigos.  Não, quando o treinamento de força é bem feito não diminui o comprimento da miofibrila.
Exemplo: a articulação do cotovelo apresenta excursão  fisiológica que vai de mais ou menos 180° até mais ou menos 30°. Ou seja, temos uma excursão média de 150°. Em um exercício de rosca bíceps, podemos trabalhar na excursão fisiológica (extensão e flexão até o ponto máximo) que determinará ganho de força e também de miofibrilas em série (pode não ocorrer ganho de miofibrilas), desta maneira não há perda de elasticidade.  O erro ocorre quando o treinamento de força é feito com excursão reduzida, isso pode ocorrer intencionalmente, ou não. Geralmente há uma má orientação e carga muito elevada , o que gera uma diminuição da excursão do movimento, estimulação do sarcômero em paralelo e diminuição do comprimento da miofibrila, com isso, ao longo do tempo ocorrerá o encurtamento do gesto.
A excursão aumentada também pode acontecer, o que levará ao aumento de sarcômeros em série e ao aumento da elasticidade muscular, levando a uma sobrecarga aumentada sobre toda a estrutura articular. 

 CONCEITO DE VISCOSIDADE (CITADA DURANTE O TEXTO)
É um conceito físico, em primeiro lugar, é uma força. É o índice de atrito que moléculas estabelecem entre si e entre as paredes do continente, normalmente é um conceito aplicado a fluídos, mas também pode ser a sólidos.
Quando falamos em fluídos, há duas formas de mensuração da viscosidade:
Clássica: mensuração por um viscosímetro de bola, tubo que é colocado em um ângulo determinado, geralmente 45°, que é preenchido com o fluído que se quer estudar. É largada na extremidade superior uma esfera, que descerá interagindo com o fluído, a velocidade de descida é tão maior quanto menor for a resistência, ou seja, quanto menor a viscosidade, maior a velocidade.
Reômetro: é um sistema que possui duas bases cônicas, uma encaixada a outra, de material metálico, onde o segundo cone é encaixado perfeitamente com um eixo que gira. Ao girar, significa que possui um torque, tem uma aplicação de força. Para o experimento abre-se o sistema e coloca-se uma amostra do que se quer analisar, quanto mais viscoso o líquido, mais resistência ele oferecerá ao giro, quanto menos viscoso, menos resistência  oferecerá. O sistema detecta essas características e calcula a viscosidade.

Em anexo o estudo realizado pelo professor Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues sobre termo regulação.