sábado, 4 de maio de 2013

SISTEMA ENDÓCRINO III


PÂNCREAS, DIABETES MELLITUS E DIABETES INSIPIDUS


Pâncreas

   É uma glândula tanto endócrina quanto exócrina.
     Porção endócrina é fundamentalmente centrada nas ilhotas de Langerhans , onde temos as células α (alfa),  β (beta), e ɣ (gama).
·                 As células BETA PANCREÁTICAS secretam INSULINA, que ativa a translocação de GLUT 4 por uma via de sinalização intracelular, e dessa forma, estimula a captação de glicose, além de estimular a síntese de proteínas e triglicerídeos pela via da lipase lipoproteica.
·         As células ALFA secretam GLUCAGON, que estimula a glicogenólise (quebra do glicogênio), liberando glicose para a corrente sanguínea, ao mesmo tempo ele estimula a lipase hormônio sensitiva, estimulando a quebra do triglicerídeo e a disponibilização do ácido graxo livre na corrente sanguínea.  
    Precisamos entender como a INSULINA, o GLUCAGON e a GLICEMIA se comportam em um indivíduo normal frente ao exercício. 








    O exemplo é dado por um indivíduo realizando exercício com 70% de consumo de oxigênio, ou seja, em uma intensidade média. O indivíduo foi mantido realizando o exercício durante um certo tempo em intensidade fixa.
A partir do caso citado, faremos a comparação entre o comportamento da INSULINA, do GLUCAGON e da GLICEMIA.  Sem esquecer que o exercício age no sistema de sinalização insulínica fazendo com que ocorra aumento da sensibilidade do receptor de insulina e aumento da translocação de GLUT 4 através de uma via independente de insulina.


·         Indivíduo normal (destreinado)

      Decréscimo da secreção de insulina-pois há o aumento na sensibilidade dos receptores de insulina e principalmente porque ocorre o aumento da translocação do GLUT 4 por uma via independente da insulina. Isso faz com que a insulina se torne cada vez mais eficiente no manejo da glicemia. (Diminuição dos níveis de insulina em relação aos níveis de repouso.)
 Decréscimo da glicemia- diminuição sustentável.
Aumento do glucagon- aumento com a tentativa de manter a glicemia.

·         Indivíduo treinado
        Decréscimo da insulina, porém, menor aumento em relação ao indivíduo destreinado.
 Leve aumento da glicemia, com seguida manutenção de valores.
 Aumento do glucagon, porém, menor aumento em relação ao indivíduo destreinado.

Obs: resposta do indivíduo treinado é atenuada, pois proporcionalmente, em comparação ao indivíduo destreinado, há uma menor captação de glicose. Isso ocorre em um indivíduo treinado porque ele utiliza mais e de melhor forma a gordura, sendo assim, poupa carboidratos, ou seja, não precisa de um metabolismo de carboidratos muito ativado. Como o metabolismo de carboidratos é menor, ele está respondendo menos nesse sistema de controle.

Obs.geral: se houver modificação na intensidade, para uma intensidade maior, por exemplo, quanto mais intenso o exercício menor será  a secreção de insulina e maior a de glucagon, a de glicemia apresenta um fenômeno em que ela primeiramente sobe e depois desce, quanto maior é a intensidade maior é a glicemia, e aos pouco ela começa a cair. Pode ser que em uma dessas quedas seja atingido um nível de hipoglicemia, por isso, é necessário um cuidado especial. É importante destacarmos que quanto mais sedentário, mais destreinado é o indivíduo, maior é o risco de hipoglicemia.

HIPOGLICEMIA

Glicemia normal de jejum= inferior a 100 mg/dc.
Hipoglicemia de jejum= não é definida por critérios de concentração, é definida por sintomas clínicos.


DIABETES MELLITUS- DIABETES INSIPIDUS

Características comuns aos dois tipos:
  Poliúria: muita urina (principal característica);
   Polidipsia: muita cede;
  Polifagia: indivíduo come muito.

DIABETES INSIPIDUS (urina sem gosto)
O indivíduo urina muito,pois há uma diminuição/incapacidade na secreção de ADH (hormônio antidiurético).
Esse tipo é menos frequente e não é grave.


DIABETES MELITUS (urina doce)
O indivíduo tem como principal característica a alta glicemia, e por consequência ocorre a poliúria, a polidipsia e a polifagia.

DIABETES MELITUS TIPO I

        É a diabetes juvenil, que aparece na primeira infância, em média até os 4 anos. Ocorre pela destruição da célula que causa uma diminuição na secreção de insulina = INSULINO DEPENDENTE.

Tratamento:
o   Insulina
o   Dieta
o   Exercício

       Importante destacarmos que até a década de 20, a expectativa de vida de um paciente diabético tipo I era em média de três a quatro anos pois não havia tratamento. A insulina foi descoberta/houve o início da extração em porcos a partir de 1922, o que mudou totalmente a vida desses pacientes. Hoje em dia, com a tecnologia do DNA recombinante, não é usual a utilização da insulina porcina, mas sim o uso da insulina sintética, produzida em laboratório.

Características do processo de instalação do Diabetes:
o   Emagrecimento rápido da criança
o   Muita cede
o   Muita fome

·                      A atitude de levar a criança ao médico deve ser tomada imediatamente, para que se inicie o tratamento o mais rápido possível, já que não existe cura para a doença.


DIABETES MELLITUS TIPO II

      Corresponde a maioria dos casos, cerca de 80% deles.  Diabetes que acontece na maturidade, normalmente relacionada à obesidade e em princípio o paciente NÃO É INSULINO DEPENDENTE. O paciente apresenta resistência à insulina, normalmente relacionada à obesidade ele tem a implantação de lípedes de triglicerídeos intramusculares e outras lípides, assim como  ceramidas, que se instala intracelularmente e interrompe o processo de sinalização da insulina até a translocação do GLUT 4. Como existe uma interferência bioquímica nesse processo, o paciente apresenta resistência à insulina, apesar de secretar insulina. Essa insulina liga o receptor mas não consegue desencadear a sinalização, sendo assim, não vai existir GLUT 4 em nível adequado na membrana, não há captação de glicose. O efeito final é o mesmo, porém neste caso, a etiologia é diferente da Diabetes tipo I. Então, ele apresenta resistência à insulina.

Tratamento:
o   Hipoglicemiantes orais
o    Dieta
o   Exercício

Caso especial: HIPERINSULEMIA

Paciente tem resistência à insulina. O sistema de controle da glicemia e o sistema de secreção de insulina é basicamente ligado à glicemia. Ou seja, quando a glicemia sobe, há a estimulação de insulina, quando a glicemia cai, há a diminuição da secreção de insulina e o aumento do glucagon. Temos um mecanismo de controle baseado na glicemia. Em um paciente que é hiperglicêmico e apresenta resistência à insulina, a hiperglicemia estimula o pâncreas a secretar insulina, a insulina não consegue exercer o seu efeito adequadamente, a glicemia continua alta, se a glicemia continua alta, ela continua estimulando o pâncreas a produzir insulina, e em consequência ocorre um quadro de HIPERINSULINEMIA.
A insulina também medeia a via simpática, também acaba afetando a ativação simpática, ou seja, o paciente passa a ter uma atividade simpática aumentada, que leva a uma frequência cardíaca mais alta, e principalmente a uma pressão arterial mais alta. Então, o paciente além de diabético, hiperglicêmico, hiperinsulinêmico e hipertenso ele é obeso.  A totalidade desse quadro traduz o conceito de SÍNDROME METABÓLICA.

Quadro ao longo dos anos:
  •        Pâncreas hiperativo- pode induzir à falência pancreática- paciente passa a necessitar do uso de insulina, tornasse insulinodependente.

  • Foco do tratamento:

                    Diminuição da resistência à insulina.




EXERCÍCIO (TIPO I E TIPO II)

         O exercício de uma maneira geral aumenta a sensibilidade de receptores de insulina (efeito agudo-durante o exercício e também efeito crônico-efeito de sucessivas sessões de treinamento) e aumenta a translocação de GLUT 4 (cronicamente- há o aumento da concentração ).
       Isso é útil aplicado aos dois casos, pois conseguiremos melhor manejar a glicemia desses pacientes.

 Para aplicarmos exercícios para estes pacientes é muito importante que saibamos os níveis de glicemia no início do exercício. 




     Se um paciente chega para fazer o exercício (não importa qual, porém, quanto mais intenso, mais severo é o fenômeno) com nível de glicemia em torno de 200. Durante o exercício ocorrerá uma queda do nível da glicemia, porém, devemos tomar cuidado com a hipoglicemia, pois existe um risco de durante a sessão de exercício o paciente apresentar tal quadro.
     Alguns cuidados podem ser tomados para que isso não ocorra, primeiramente, deve-se pedir para que o paciente chegue antes da sessão de exercício já alimentado, pois quanto maior for o período de jejum antes do exercício, maior é o risco do quadro ocorrer. Outro cuidado importante será tomado durante a sessão, que será cuidar os sinais de hipoglicemia, por exemplo, sinais na coordenação motora, que deve ser observada precocemente através da fala, pois o padrão de fonação será alterado. Esse paciente deve ser retirado imediatamente do exercício e então, deve-se oferecer urgentemente um carboidrato de absorção rápida (bala, refrigerante, qualquer coisa com bastante açúcar). 



FAIXA DE RISCO  


      250-300mg/dc (contradições em literaturas)- Nessas concentrações pode ocorrer um aumento da glicemia, pois quando o indivíduo está com a glicemia elevada ele dessensibiliza  receptores e o glucagon passa a responder de forma exacerbada, despeja ainda mais glicose do que deveria. Existe a alteração na sensibilidade de uma série de receptores que afetam este sistema.
         Para isso ocorrer provavelmente o paciente não se cuidou da maneira correta, pode não ter aplicado a insulina corretamente ou não ter se alimentado da forma correta. Diante dessa situação, é imprescindível a conversa com o paciente para ele seja avisado dos riscos que corre e para tentarmos resolver o problema juntos, fazendo com que a situação não se repita. O PACIENTE NÃO PODE FAZER EXERCÍCIO NESSE DIA.
        A educação é fundamental para o controle da saúde de um diabético, e devemos trabalhar em conjunto com outros profissionais, para que ele aprenda a se cuidar.

Um dos três centros de diabetes mais importantes do mundo está localizado em Porto Alegre, o ICD, que trabalha basicamente com a educação para a família do diabético. 

  • Acesse e confira:




(TIPO I)

    Existe diferença fundamentalmente pois há aplicação de insulina, que não é um elemento fisiológico, é artificial, ou seja, é de controle mais difícil.
     Aplicação de insulina: a mais comum é a aplicação subcutânea, pois se forma um depósito de insulina no local onde é aplicada, à medida que a microcirculação daquele local for acontecendo, a insulina vai sendo extraída e colocada na grande circulação.
   O que pode mudar, geralmente, é a maneira com que a insulina é preparada, e isso faz com que ela tenha diferentes cinéticas. Que serão demostradas no gráfico a seguir. 








A insulina regular é a mais comum, de ação rápida, vai aumentando na circulação e faz um pico em aproximadamente duas horas.

A insulina NPH é de ação lenta e faz um pico em torno de seis à oito horas.

    É fundamental o conhecimento da cinética da insulina que está sendo utilizada e do seu devido comportamento.
   É importante observarmos que o paciente não faz uso de apenas um tipo de insulina, geralmente os pacientes fazem o “regime insulínico”,  que define os tipos de insulina e seus respectivos horários de aplicação ao longo do dia.

  • Exemplo


     Supondo que um paciente segue seu regime insulínico, aplicando insulina logo ao despertar, às 7h e ele tem uma sessão de caminhada marcada para as 9h. RISCO = HIPOGLICEMIA, pois temos a coincidência do pico insulínico combinado com o aumento da sensibilidade do receptor de insulina e o aumento da translocação do GLUT 4 por uma via independente de insulina. Tudo isso associado ao alto nível de insulina teremos uma captação altíssima de glicose e este indivíduo fará um quadro de hipoglicemia em minutos.
A SOLUÇÃO é fugirmos do pico da insulina, precisamos montar a sessão de exercício afastada desses picos. O ideal seria fazer a sessão em torno de quatro horas depois da aplicação, onde já temos um certo decaimento.

      Se o exercício for feito depois de uma hora da aplicação, em princípio não haveria nenhum problema, porém precisamos lembrar que a aplicação é rotativa, se faz a aplicação em diferentes pontos do corpo, não sempre no mesmo local para evitar a repetição de agressão à pele.

    Problema: se o paciente fez a aplicação na perna e o trino será de caminhada e corrida de alta intensidade, dessa maneira, pelo exercício, iremos aumentar a circulação local, acelerando o processo de extração de insulina no depósito, sendo assim, poderá ocorrer a antecipação do pico e a consequente hipoglicemia.

     As soluções possíveis levam em consideração mexer no regime insulínico, juntamente com o médico responsável ou, conhecendo o treino que faremos, podemos conversar com o paciente e pedir para que a aplicação seja feita em locais onde não ocorrerá grande estímulo, e consequentemente não teremos efeitos indesejáveis.

(TIPO I E II)
  •        Alteração na capacidade de coagulação sanguínea
  •         Fragilidade vascular aumentada em função da hiperglicemia
  •     Muito suscetível a formação de hematomas (muito cuidado com atividades que geram mais impacto, contato e riscos ligados a esta suscetibilidade)
  •         Dessensibilização  das extremidades



RESULTADOS ESPERADOS A MÉDIO E LONGO PRAZO

      Melhorar a resistência à insulina, por efeito direto sobre o tecido muscular, diminuindo os lípides intramusculares, aumentando GLUT 4 e melhorando a sinalização intramuscular.

Tipo I- vai aplicar menos insulina
Tipo II- é a que melhor responde ao exercício, pois ele age tanto no maior problema que é a resistência à insulina, quanto na origem do problema, que é a obesidade, e o resultado é que temos condições de alterar completamente esse quadro.


Destaques da aula

·              Importante destacarmos que o Rio Grande do Sul é o estado com mais prevalência de Diabetes.


·             Cuidado especial: PÉ DIABÉTICO, devido a uma dessensibilização  das extremidades, fragilidade vascular aumentada e ao risco de hemorragias, precisamos ter um cuidado especial com os pés destes pacientes em atividades de impacto, levando em consideração até mesmo o calçado que ele está utilizando. 









Nenhum comentário:

Postar um comentário