quinta-feira, 11 de julho de 2013

SISTEMA RESPIRATÓRIO III


TREINAMENTO EM ALTITUDE E REGULAÇÃO NEURAL DO SISTEMA RESPIRATÓRIO


TREINAMENTO EM ALTITUDE 
Atleta que compete em altitude- não tem o mesmo desempenho, comparando com o seu desempenho habitual. Por este motivo, ele necessita passar por um processo de adaptação. 


FUNCIONAMENTO DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO 

       Exemplo: Atleta acostumado a treinar ao nível do mar com pressão atmosférica de 1 atm desloca-se para uma altitude de 3.600 metros onde ocorre uma perda de 20%  do seu VO2, e isso é determinante para o seu desempenho. 


     CURTO PRAZO- Efeito principal ao primeiro contato com a alta altitude (desembarque, por exemplo), onde se é submetido a uma baixa  PO2 , com a diminuição da pressão de oxigênio arterial, há a ativação de quimioceptores ( arco aórtico , seio carotídeo e tronco encefálico). A estrutura bulbar também é extremamente sensível à  CO2/O2/PH, e são eles que ativarão os quimioceptores.

      Neste caso, com a diminuição da PO2 ocorre a ativação de quimioceptores e como consequência ocorre a taquipneia  (aumento de ventilação). Com a taquipneia, fisiologicamente está acontecendo a tontura, pois há a eliminação e consequente diminuição de CO2, ocorrendo a diminuição da PCO2. O CO2 é um dióxido ácido, que quando reage com água forma ácido carbônico, esse ácido carbônico tende a  se dissociar em hidrogênio e bicarbonato. Ou seja, o acumulo de CO2 no sangue gera um processo de acidificação do mesmo, porque o CO2 reage com água que está no plasma para formar ácido carbônico e por fim liberar hidrogênio.  Sendo assim, quanto mais CO2 o sangue possuir, mais acido será o sangue (menor PH). 
       No caso da diminuição da PCO2, há o fenômeno de ALCALOSE RESPIRATÓRIA (aumento do PH), e como consequência da alcalose respiratória, haverá o fenômeno da tontura. (Com a hiperventilação ocorre o mesmo processo). 
Obs: Com a realização de exercício esse processo ocorre de maneira ainda mais severa. 

       MÉDIO PRAZO - A defesa do organismo contra a alcalose respiratória é a excreção de bicarbonato via urinária, pois bicarbonato é uma base, e com isso há a diminuição do caráter alcalino do sangue. Com isso ocorre o controle do PH, mas também o fenômeno de HEMOCONCENTRAÇÃO, ou seja, o sangue ficará mais concentrado.
      Vantagem - Quado este sangue passar na circulação pulmonar, as hemácias estarão mais próximas, ou seja, a distância difusional será menor, facilitando o processo de oferta de oxigênio.
     Desvantagem- O sangue estará mais viscoso, fazendo com que o atrito com a parede do vaso aumente, o trabalho cardíaco aumente e com isso aumente o risco de trombose, com tendência de mais sangramento entre outras características. 

     LONGO PRAZO- O sistema não suporta essa hemoconcentração. Quem detecta a hemoconcentração e a variação do fluxo são os rins, produzindo ERITROPOETINA, que estimula a medula óssea à produzir novas hemácias (ERITROPOIESE). Com o aumento do número de hemácias há também o aumento do volume sanguíneo e ao final desse processo o indivíduo é considerado adaptado à altitude. 





      O tempo de adaptação de curto, médio e longo prazo dependerá da altitude onde o indivíduo se encontra. 


TEMPO DE ADAPTAÇÃO FISIOLÓGICA






REGULAÇÃO NEURAL DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 

        Ao falarmos do sistema neural estamos discutindo sobre Bulbo-troco encefálico, onde temos uma zona quimiossensível (ZQS) onde temos grupos de neurônios expiratórios e inspiratórios e o arco aórtico e o seio carotídeo com quimioceptores que levam a informação até o bulbo. Os quimioceptores são sensíveis à aumento da PCO2, diminuição da PO2 E diminuição do PH, estimulando os quimioceptores e gerando potenciais de ação que chegam até o centro respiratório estimulando a respiração. Além disso, a própria zona quimiossensível é sensível ao aumento de hidrogênio e CO2. Um detalhe importante é que o hidrogênio não atravessa a barreira hematoencefálica(membrana que permite a passagem de metabólitos do sangue para o sistema nevoso), que é impermeável a ele. Apesar de não atravessar a barreira ele é o componente que mais estimula os quimioceptores, da seguinte maneira: o CO2 produzido pelo metabolismo vai acabar no sangue e reagir com a água, formando H2CO3, o H2CO3 no sangue forma ácido carbônico, que se dissocia em hidrogênio e bicarbonato, então, o hidrogênio estimulará os quimioceptores periféricos no sangue. Na ZQS o hidrogênio não passa a barreira hemato encefálica, porém, o CO2 passa, chegando no SN e reagindo com H20, liberando hidrogênio (vindo da água). 
        No sangue temos hemácias, que captam o ácido carbônico, e possuem a enzima chamada anidrase carbônica, que ativa o ácido carbônico, formando H20 e CO2. Sendo essa uma estratégia de se manter o CO2 para permitir que ele seja eliminado pela ventilação e para a estimulação dos quimioceptores.


      Ou seja, o CO2 do sangue estimula o quimioceptor, e o CO2  que penetra a barreira hematoencefálica e invade o bulbo reage com a água para liberar o hidrogênio que estimulará a ZQS. 





Gráfico: 

Temos uma carga máxima de trabalho.


· 



    Temos 2 limiares da ventilação, e eles têm altíssima correlação com os limiares de lactato. 
     Esperamos que a curva de ventilação com o treinamento:
·         É possível que a ventilação de repouso mude, baixe um pouco, mas não significativamente. 
·         Ocorrerá o deslocamento do ponto de quebra do 1° limiar ventilatório para a direita, ou seja, para uma carga de trabalho mais alta, e também o 2° limiar ventilatório da mesma forma que o 1°. Com o  consequente deslocamento da carga máxima para a direita.

      É importante destacarmos que a maior parte dos livros de fisiologia do exercício têm mostrado que a ventilação não é essencialmente um fator limitante de desempenho em indivíduos normais. 
      A VVM (Ventilação Voluntária Máxima) é sempre maior do que a VE MÁX. (Ventilação Expiratória Máxima) na ordem de 20 à 30 % maior. Porém, durante o exercício não se ventila mais pois outros mecanismos levam à fadiga antes disso, ou seja, não chegamos a usar todo o sistema respiratório. Os outros sistemas são o músculo e o coração, se conseguíssemos superar essas limitações musculares e cardíacas talvez pudéssemos chegar mais perto da VVM, porém, não é isso que vemos normalmente. 


DESTAQUES DA AULA

·         Pessoas que moram em uma grande altitude têm maior número de hemácias em comparação com indivíduos que moram em baixas altitudes. 

·         Em competições esportivas, é muito importante que se tenha tempo para a adaptação dos atletas, porém, se não for possível este tempo de adaptação, deve-se levar o atleta para a altitude no momento mais próximo possível da competição.  O auge do efeito de curto prazo é em torno de 3 à 4 dias, por isso, devemos prestar muita atenção no tempo de adaptação                 para o bom desempenho de um atleta. 

·         Pessoas que realizam mergulho livre hiperventilam antes de mergulhar em apneia pois assim elimina CO2, aumentando o tempo de apneia, pois o estímulo ventilatório é diminuído.  O que define o tempo de apneia é o CO2, e não o oxigênio, pois o aumento do CO2 que vai ser necessário para um maior tempo. 

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